Oct 12 2023
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Caráter - Qualidade Profissional Negligenciada
Por Robert J. Tamasy
Os currículos, ou, se preferir, curriculum vitae, são documentos interessantes. Eles mostram o nível de instrução, experiência de trabalho, habilidades profissionais, realizações e certificações. Eles ajudam a avaliar a competência e credenciais do candidato a um emprego – suas qualificações para desempenhar funções específicas.
Porém, um elemento chave raramente, se é que alguma vez apareceu, está presente em um currículo: caráter. Contudo, talvez tanto quanto qualquer outra qualidade, o caráter tem um grande impacto de diversas maneiras: o desempenho no trabalho de uma pessoa, sua forma de relacionar-se e trabalhar com outros membros da equipe, e também de que modo ela se encaixa na cultura da companhia ou organização, tanto em termos de filosofia quanto de valores.
O legendário treinador universitário de basquetebol, John Wooden, cujas equipes da UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles), venceram 10 campeonatos nacionais entre 1964 e 1975, disse que se tivesse que escolher entre ter uma grande reputação e cultivar um caráter forte, sempre escolheria o último: “Esteja mais preocupado com seu caráter do que com sua reputação, porque o seu caráter representa o que você realmente é, enquanto sua reputação é meramente o que outros pensam que você é.”
O falecido Dr. Martin Luther King Jr., que dedicou sua vida em busca de justiça social, disse durante seu famoso discurso “Eu tenho um sonho,” “Eu tenho um sonho de que um dia meus quatro filhos vivam em uma nação onde não sejam julgados pela cor da sua pele, mas pelo seu caráter.”
Em um mundo onde as aparências externas recebem tanta atenção, o caráter interior determina a forma como nos conduzimos, como interagimos com os outros, que valores abraçamos e que crenças nos são preciosas.
Em um dilema ético, o caráter capacita uma pessoa a escolher o certo e não o mais conveniente.
A importância do caráter é ressaltada em toda a Bíblia. Jesus Cristo falou francamente ao denunciar os líderes religiosos que eram especialistas em apresentar uma fachada exterior para esconder sua motivação maligna. “Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês são como sepulcros caiados: bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos e de todo tipo de imundície.” (Mateus 23:27). Pouco depois, Ele declarou: “Assim são vocês: por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade.” (Mateus 23:28).
No Antigo Testamento, encontramos uma observação semelhante: “Como uma camada de esmalte sobre um vaso de barro, os lábios amistosos podem ocultar um coração mal.” (Provérbios 26:23). Transportando a metáfora para o século XXI, seria o mesmo que cobrir um brinquedo de plástico barato com uma fina camada de ouro. Por fora poderia parecer um objeto de valor inestimável, mas por dentro permanece algo de pouco valor.
Talvez a narrativa mais reveladora a respeito de caráter em todas as Escrituras tenha ocorrido quando o profeta Samuel estava buscando aquele que sucederia o rei Saul no trono de Israel. Depois de o profeta ter avaliado quase todos os filhos de Jessé, Deus disse a Samuel que, a despeito das aparências, nenhum deles era adequado. “…O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração.” (I Samuel 16:7). Outro filho precisou se apresentar: Davi, o jovem pastor de ovelhas, que realizou grandes coisas para Deus.
Robert J. Tamasy, é jornalista, editor e escritor, e autor de “Business at Its Best: Timeless Wisdom from Proverbs for Today’s Workplace” e “Tufting Legacies”